Segurança Viária

Maio Amarelo – Entenda mais sobre a Década de Segurança Viária e as ações feitas pela ONU.

Em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu 17 objetivos para transformar o mundo. Além de proposições relacionadas ao combate à pobreza, foram definidas metas para áreas como saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, energia limpa e acessível, trabalho decente e crescimento econômico, e outras.

O terceiro objetivo foi proposto para a evolução de saúde e bem-estar em todo o mundo. Ele determina “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades” e dentro deste objetivo a ONU estabeleceu 9 metas. O item 3.6 está diretamente relacionada à segurança viária, uma vez que a intenção é, até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas.

Por consequência, dos 17 objetivos para transformar o mundo, foi lançada a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020. Neste mês do Maio Amarelo, aproveitamos este post para explicarmos o que se pretende alcançar com esses esforços e de que forma isso afeta a infraestrutura viária. Acompanhe!

Década de segurança viária

As iniciativas da ONU para garantir mais segurança no trânsito são consequência do alto volume de mortes em rodovias ao redor do mundo. Até o fim da década passada, morriam, anualmente, cerca de 1,3 milhão de pessoas em estradas em todo o planeta. Além disso, os acidentes no trânsito feriam de 20 a 50 milhões de indivíduos a cada ano.

Essas estatísticas despertaram a necessidade de discussão de alternativas para uma direção mais segura, além de uma infraestrutura viária que ofereça menos riscos a motoristas, passageiros e demais usuários de rodovias.

Na campanha da ONU, lançada em maio de 2011, governos de todo o mundo se comprometem a tomar medidas para prevenir os acidentes no trânsito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é responsável por coordenar os esforços globais ao longo da década e monitorar os progressos tanto nacional quanto internacionalmente.

O órgão, vinculado à ONU, também oferece apoio a iniciativas que têm como objetivo:

  • reduzir o consumo de bebidas alcoólicas por motoristas;
  • aumentar o uso de capacetes e cintos de segurança;
  • melhorar os atendimentos de emergência.

Os resultados dessa campanha e o sucesso de ações preventivas para a diminuição do número de acidentes fatais somente serão conhecidos quando a campanha chegar ao fim, em 2020. Todavia, o impacto das medidas já é percebido em mudanças em infraestrutura viária, normas de segurança e indústria automobilística.

Evolução das normas de segurança viária

Para proporcionar maior segurança aos milhões de usuários de transporte terrestre em todo o mundo, as leis se tornaram mais rigorosas, com punições mais severas aos infratores da legislação viária. Também foram desenvolvidas ações para estabelecer normas de segurança que exigem melhor infraestrutura em projetos de construção de rodovias.

Os planos de segurança viária passaram a seguir o conceito de “rodovias que perdoam”. De acordo com ele, os projetistas devem se atentar à possibilidade de os motoristas cometerem erros ou se distraírem, o que obriga à criação de rodovias para absorver as falhas humanas e minimizar a severidade do impacto de eventuais acidentes.

Uma das evoluções percebidas com o aumento da preocupação com a segurança em projetos de rodovias são os níveis de contenção. A partir deles, foi estabelecido um novo conceito para o desempenho de defensas metálicas — projetadas para redirecionar os veículos, minimizar o impacto em acidentes viários e, consequentemente, diminuir os riscos para os usuários da rodovia.

Revisão da NBR 15486

Desde março de 2016, com a revisão da NBR 15486, todos os novos projetos de segurança viária no Brasil devem, obrigatoriamente, seguir as orientações de níveis de contenção.

No novo conceito, é considerado o desempenho do equipamento de segurança instalado na rodovia. Existe evolução no setor normativo para que as normas deixam de ser voltadas para as especificações de material e passam a contemplar o comportamento esperado do elemento de segurança viária.

Para a verificação da eficiência das barreiras de contenção e dos demais dispositivos são realizados ensaios de impacto, também conhecidos como crash tests.

Ensaios de impacto

Anteriormente à NBR 15486, o comportamento das defensas metálicas no Brasil não eram testadas em laboratório. Com a evolução das normas de segurança, passou a ser obrigatório que os fabricantes dos sistemas submetam os equipamentos a crash tests reais.

Para que fossem estabelecidos os requisitos desses ensaios na revisão da NBR 15486, utilizou-se como referência a norma europeia EN 1317-2, que determina a realização dos testes em laboratório de acordo com:

  • velocidade de impacto (Km/h);
  • ângulo de impacto (graus);
  • massa total do veículo (Kg);
  • tipo de automóvel.

Além da realização de ensaios de impacto, a eficiência dos dispositivosem oferecer segurança aos usuários da rodovia deve ser assegurada pela análise do espaço de trabalho (ou workzone) e da severidade de impacto entre o veículo e a barreira de contenção de acordo com o índice de severidade da desaceleração (ASI) e a velocidade teórica de impacto da cabeça (THVI):

  • ASI: mede a desaceleração durante a colisão de uma pessoa sentada dentro do veículo, com cinto de segurança afivelado;
  • THIV: mede a velocidade de colisão entre a face do passageiro e o veículo.

Evolução da legislação de trânsito no Brasil

Além da preocupação com a infraestrutura das rodovias, a busca pela diminuição na taxa de acidentes fatais determinou legislações de trânsito mais rigorosas. No Brasil, houve a criação da Lei Seca e a adoção de multas mais altas para infrações.

Essas mudanças têm sido determinantes para a diminuição dos riscos a motoristas e passageiros que trafegam pelas rodovias brasileiras. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2017, foram registrados nas rodovias federais 89.318 acidentes graves, com 6.244 mortos e 83.978 feridos. Embora ainda sejam altos, esses números representam uma redução de 7,5% no total de acidentes, 2,7% no número de óbitos e 3,5% na quantidade de feridos.

Evolução na indústria automobilística

A intenção de diminuir as consequências negativas dos acidentes automobilísticos está diretamente ligada às novidades implementadas na indústria nos últimos anos. Enquanto carros elétricos se consolidam como uma importante alternativa para diminuir a poluição, os veículos autônomos e semiautônomos são desenvolvidos diante da expectativa de que possam reduzir os acidentes de trânsito.

Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), 90% dos acidentes de trânsito no Brasil ocorrem por falha humana. Já os sistemas responsáveis por conduzir os carros autônomos são capazes de guiar os veículos sem distrações, cansaço ou embriaguez.

Embora haja aumento constante do número de testes com carros autônomos, ainda permanecem as discussões sobre quão confiáveis eles são. A ausência de intervenção humana é um dos principais pontos de dúvida a respeito dos impactos deles na segurança viária.

Todavia, a evolução da indústria automobilística e a oferta de soluções que auxiliem na redução de acidentes são pontos que devem nos aproximar dos objetivos estabelecidos pela ONU para a década de segurança viária.

Quer saber mais sobre esse assunto? Então fique por dentro das mudanças dos últimos anos no segmento!