Os elementos de segurança viária, como as barreiras de concreto e barreiras metálicas, são partes fundamentais de qualquer projeto rodoviário.
Um bom projeto de segurança viária contempla as necessidades de níveis de contenção e área de trabalho para cada trecho de rodovia. Sendo assim, as transições entre diferentes sistemas devem ser analisadas com cuidado a fim de evitar problemas futuros.
As transições entre barreiras de concreto tipo “New Jersey” e as defensas metálicas foram amplamente discutidas em fóruns técnicos. Desde a revisão da norma NBR 6971 em 2012, o conceito de como fazer essas transições mudou.
Neste texto falaremos sobre essas definições contidas na norma, como realizar a transição e sobre a importância delas, bem como os benefícios trazidos para a segurança da rodovia e dos usuários dela. Acompanhe!
O que é a transição entre barreiras de concreto e barreiras metálicas?
Como o próprio nome diz, a transição entre barreiras é um sistema que tem como função unir diferentes tipos de barreiras com níveis distintos de contenção. A transição é feita de forma a dar continuidade à proteção lateral da via, sem deixar que ocorra um efeito de “embolsamento”, “enganchamento” ou penetração do sistema na área de transição.
As transições são projetadas para ter um enrijecimento gradual, utilizando da diminuição da distância entre postes e do uso de peças de transição dupla-tripla onda, também conhecida como transição “Y”, juntamente com lâminas tripla onda e peças de ancoragem tipo “E”, que fazem parte da fixação do sistema de barreira metálica para o sistema de barreira de concreto.
Como a transição é feita?
A transição mais crítica do ponto de vista de segurança é a de um sistema de maior área de trabalho para um sistema de menor área de trabalho. Isso porque, como vimos acima, pode apresentar o “enganchamento” e outros efeitos devido à mudança brusca de deflexão. Normalmente chamamos de transição de entrada, pois está no sentidos da via onde o veículo se aproxima de uma obra de arte ou de uma barreira de concreto.
Atualmente a transição é composta pelos seguintes items:
- 1 módulo de defensa metálica dupla onda com poste a cada 2 metros;
- 1 peça “Y” de 2 metros com poste a cada 1 metro;
- 1 módulo de defensa metálica tripla onda com poste a cada 1 metro;
- 1 peça “E” de conexão com 7 barras rosqueadas passantes e placa ou plaqueta de fixação posterior.
Essa transição está desenhada na norma NBR 6971 de 2012 em seu anexo “A”. Dois pontos são importantes nela e devem ser analisados:
- o início da barreira de concreto New Jersey deve ser tratado e conter a armadura de aço descrita na norma NBR 14885 de 2016;
- a lâmina tripla onda deve transpassar 1 metro na barreira de concreto antes de ser fixada à peça tipo “E”.
Na revisão da norma NBR 6971 em 2012, verificou-se que era necessário uma nova solução para a fixação. A norma anterior sugeria o uso de chumbadores, mas devido à movimentação das obras de arte, eles sofriam cisalhamento ou se desprendiam com o tempo e perdiam, assim, a sua função inicial.
Dessa forma, foram adotadas barras roscadas passantes com plaquetas posteriores, que permitem uma pequena movimentação natural da estrutura e evitam o cisalhamento.
Assim, se um veículo colidir com a barreira metálica e deslizar até uma barreira de concreto, essa mudança poderá ser feita de forma segura.
Como acontece a transição entre um sistema mais rígido para um mais maleável?
Não menos importante, essa transição — também conhecida como transição de saída — deve conter seus devidos cuidados.
O primeiro ponto a ser analisado é se não existe fluxo de veículos que pode impactar de sentido contrário. Caso exista a possibilidade disso acontecer, a transição deve ser analisada em seu ponto mais crítico e ser tratada como vimos anteriormente em uma transição de entrada.
Caso essa transição não possa ser impactada no sentido contrário, o ponto que devemos analisar é a ancoragem de sistema consecutivo. Lembramos que, se ocorrer um impacto logo após a transição, as forças serão transmitidas ao solo e ao sistema de barreira de concreto através da transição.
Cabe ao projetista entender a necessidade de cada transição e escolher a alternativa mais adequada para cada caso.
Por que a transição entre a barreira de concreto e a barreira metálica é importante?
Como vimos neste post, a transição é importante para reduzir a severidade do acidente que poderia resultar em um efeito de “embolsamento”, “enganchamento” ou penetração do sistema na área de transição.
Ao promover um enrijecimento gradativo dos dispositivos de contenção, elimina-se a diferença brusca da rigidez dos dispositivos e garante-se que o veículo seja redirecionado para a rodovia com segurança
Além disso, vimos também que ela é responsável pelo ancoramento da tramo de defensa e do redirecionamento do veículo que sofreu uma colisão nesse ponto e está “deslizando” pelo sistema de barreira de contenção.
Lembramos, ainda, que as rodovias devem ser projetadas para minimizar as consequências dos acidentes. O conceito de “rodovia que perdoa” deve nortear o projeto de uma rodovia, pois as pessoas cometem erros e os acidentes acontecem, mas os dispositivos de contenção podem ajudar na redução dos danos e da perda de vidas.
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