A tecnologia transformou a maneira como as pessoas se conectam. Novos dispositivos são constantemente introduzidos, e os avanços tecnológicos desempenham um papel central nesse processo. Além de essenciais para casas e empresas, são motores do desenvolvimento econômico e social.
Essa evolução só foi possível graças à energia elétrica, que sustenta sistemas cruciais em cidades e indústrias. Nesse cenário, os engenheiros eletricistas assumem um papel fundamental no desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis.
Manter-se atualizado com as tendências do mercado e novas tecnologias é crucial para esses profissionais, que devem implementar soluções cada vez mais eficientes. Além disso, é importante conhecer a evolução do setor elétrico brasileiro, pois compreender essa trajetória é a chave para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades na gestão de energia.
Histórico do setor elétrico brasileiro
O início da década de 1900 foi fundamental para a evolução do setor elétrico brasileiro, pois o desenvolvimento de grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, exigiu investimentos internacionais para a criação de companhias elétricas.
Nos anos 1920, a industrialização impulsionou a construção de hidrelétricas, consolidando o Brasil como um grande utilizador dessa fonte. Após a Segunda Guerra Mundial, a urbanização aumentou a demanda energética, gerando grandes projetos, como por exemplo a Central Elétrica de Furnas.
Um marco importante foi a construção da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional na década de 1980, líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 3 milhões de gigawatts-hora (GWh) desde o início de sua operação.
Nos anos 2000, o Brasil enfrentou uma crise de racionamento energético devido a condições meteorológicas desfavoráveis no sudeste do país, levando à regulamentação mais rígida do setor, com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) assumindo maior controle do setor dentro das competências legais.
Desafios atuais
O furto de energia, conhecido como “gato”, é um grande obstáculo. Em 2021, o Instituto Acende Brasil estimou que os furtos somaram mais de 34 milhões de megawatts-hora (MWh), equivalentes a R$ 28 bilhões.
A região Norte é a mais afetada, com a Amazonas Energia relatando que 44% da energia distribuída no estado é consumida ilegalmente. No Rio de Janeiro, para cada 10 pessoas que pagam suas contas, 6 fazem “gatos”, resultando em prejuízos anuais de R$ 750 milhões para a concessionária Light.
Esse crime impacta diretamente as tarifas de energia, uma vez que as concessionárias encontram dificuldades para repassar esses prejuízos ao mercado. Assim, os consumidores honestos acabam pagando mais pelas perdas geradas por essa prática ilegal.
Conforme alerta a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de eletricidade pelos data centers pode dobrar até 2026, impulsionado pela crescente demanda por inteligência artificial e mineração de criptomoedas, que em 2022 já representaram cerca de 2% do consumo global.
Além disso, a digitalização está transformando o setor elétrico, trazendo maior automação e análise de dados em tempo real, o que amplia a capacidade de prever e otimizar o uso de energia. Contudo, é necessário investir em infraestrutura tecnológica robusta para apoiar essa transformação digital.
Outro fator agravante é a emergência climática global, que também impõe desafios significativos. A transição energética, que é o processo de mudança do uso de fontes de energia fósseis para fontes renováveis e mais sustentáveis, é vital para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico, para mantermos a temperatura do planeta nos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris (1,5 °C a 2 ºC acima dos níveis pré-industriais).
Com o uso crescente de fontes renováveis, como energia solar e eólica, a gestão eficiente da geração, transmissão e distribuição de energia se torna ainda mais importante para garantir a segurança e a estabilidade do sistema. A eficiência energética, especialmente nos sistemas de refrigeração, será crucial para enfrentar os desafios ambientais futuros.
O futuro do setor elétrico
Atualmente, existem inúmeras oportunidades para engenheiros eletricistas alcançarem sucesso. Eles devem adotar práticas que incentivam o uso de tecnologias voltadas ao consumo sustentável. Uma das maiores transformações no setor elétrico está relacionada à geração de energia limpa. O Brasil, reconhecido como líder na produção de energia hidrelétrica, tem diversificado sua matriz energética com o crescimento expressivo das energias solar e eólica.
De acordo com o Relatório Anual de 2023 do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), 88% da matriz energética brasileira é composta por fontes renováveis, sendo que 50,6% são hidrelétricas. Até 2027, espera-se que 89% da matriz sejam renováveis, com a participação de fontes solares e eólicas crescendo de 30% em 2023 para 38%.
O conceito de geração distribuída, exemplificado pelo “prosumidor” — consumidores que também produzem sua própria energia, como por meio de painéis solares — está redefinindo o setor. Essa descentralização da geração de energia abre novas oportunidades para engenheiros, que podem atuar na integração, manutenção e otimização desses sistemas.
Tecnologias emergentes, como redes elétricas inteligentes (smart grids), estão tornando o sistema de distribuição mais eficiente e seguro. Essas redes permitem o monitoramento em tempo real do consumo, facilitando a detecção de fraudes e otimizações. Ferramentas como sistemas SCADA e sensores inteligentes também são amplamente utilizadas para monitorar redes, permitindo o controle remoto e a realização de manutenções preventivas.
Outro campo de crescimento é a eletrificação dos veículos, que representa um mercado com grande potencial de crescimento nos próximos anos. Para atender essa demanda, será fundamental expandir a infraestrutura das estações de recarga para veículos elétricos, o que implicará em ampliação e maior robustez do grid energético.
Além disso, a alta demanda exige soluções eficientes para o resfriamento de equipamentos essenciais, como transformadores. O uso de radiadores e motoventiladores é fundamental para evitar o superaquecimento, garantindo a eficiência operacional e a segurança do sistema elétrico.
É importante ressaltar que, os radiadores ajudam a dissipar o calor gerado por transformadores e geradores, evitando que a temperatura alcance níveis críticos que possam danificar os equipamentos. Já os motoventiladores promovem a circulação do ar, ajudando a resfriar os componentes e prevenindo o sobreaquecimento, que pode comprometer a performance e a vida útil dos dispositivos.
Equipamentos que operam em temperaturas adequadas funcionam de maneira mais eficientes. A manutenção do sistema de resfriamento do transformador melhora a performance geral do sistema elétrico, reduzindo falhas e riscos de incêndio, aumentando a segurança operacional.
Assim, ao analisar todos os aspectos abordados, é evidente que para o país prosseguir crescendo de forma sustentável, será necessário que engenheiros eletricistas adotem uma abordagem estratégica, utilizando novas tecnologias e desenvolvendo soluções eficientes para combater as perdas e fraudes, garantindo, assim, o desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil.
Fontes
1. Itaipu
2. Acendebrasil.com.br
3. Amazonasenergia.com
4. G1
5. Neoenergia.com
6. Shell
7. Climainfo.org.br
8. Gov.br
9. Olhardigital.com.br